Seguradoras pegam carona no sucesso do jogo Pokémon Go para lançar produtos A animação Pokémon, criada 20 anos atrás, voltou a ser sucesso mundial neste ano com o lançamento do jogo de realidade aumentada chamado Pokémon Go. Os jogadores têm que “caçar” os bichinhos virtuais no ambiente ao seu redor, já que o jogo utiliza a câmera e o GPS dos smartphones para reproduzir as imagens dos Pokemóns na tela, como se eles realmenteestivessem diante do jogador.
Para encontrar um maior número de Pokémons, o jogador tem que andar bastante pelas ruas e ficar de olho no smartphone. Com isso, pode não perceber os riscos que o rodeiam, como o trânsito, desníveis nas calçadas, obstáculos, entre outros. Por este motivo, nos países onde o Pokémon Go já virou febre um grande número de acidentes pessoais e de trânsito tem sido registrado. Antenadas com a oportunidade que o jogo criou, algumas seguradoras estrangeiras lançaram seguros específicos para os adeptos do jogo virtual.
É o caso do banco russo Sberbank e da seguradora portuguesa Tranquilidade. O Sberbank oferece seguro gratuito para os jogadores, com indenizações de valores equivalentes a até R$ 2,6 mil para quem se acidentar durante a prática do jogo. Para ter o seguro, o jogador precisa cadastrar no site do banco o seu nome de usuário e número de telefone que utiliza para jogar. O banco criou ainda alguns “Pokéstops”, ou pontos onde se encontram Pokémons para capturar perto de suas agências, com personagens exclusivos, que só são encontrados nestes lugares e no horário de funcionamento do banco.
Já a seguradora Tranquilidade, de Portugal, foi a primeira na Europa a criar um seguro de acidentes pessoais com a mesma finalidade, ou seja, proteger os jogadores de Pokémon Go. O seguro chama-se AP Go e cobre riscos como quedas, colisões e acidentes de carro. Segundo a empresa, o produto cobre ainda outros jogos de realidade aumentada e pode ser contratado para si ou para terceiros, ou seja, pais podem contratar a proteção para os filhos, por exemplo. No Brasil, o jogo foi lançado na primeira semana de agosto, depois de muita expectativa, e já é mania não só entre crianças, mas também entre adultos.
E nem bem começou a já deixa um rastro de sofrimentos: em Manaus, uma mulher foi morta numa festa quando vitimas de suposto roubo de celulares quando jogavam Pokemon Go atiraram na multidão. Em Imbé, (RS), um menino de 9 anos que jogava num lago morreu quando o barco em que estava virou e ele foi lançado à agua. E em Belo Horizonte, suspeita-se que um jogador tenha se desequilibrado e acidentalmente caído do 16° andar de um prédio, vindo a falecer.
Por isso, o sócio da Correcta Corretora de Seguros, Bruno Kelly, diz que é possível que seguradoras lancem produtos semelhantes aos já disponibilizados no exterior para os jogadores brasileiros. “Em qualquer mercado, o que determina a criação de um produto é a demanda por ele. No mercado de seguros, não é diferente. Pelo que temos lido, a febre que se instalou nos países em que o jogo foi lançado, é algo realmente incrível e potencializado pelas mídias sociais. Olhando por esse aspecto, imagino que um enfoque de venda voltado para os jogadores pode ter sucesso, sim”, comenta.
De acordo com ele, considerando um produto completamente novo, desde a ideia, passando pelo desenvolvimento, cálculos atuariais, condições gerais e particulares e aprovação de Nota Técnica Atuarial pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), não levaria menos que uns 4 a 6 meses para que o produto estivesse disponível ao consumidor final. As coberturas devem ser as mesmas já ofertadas em outros países. “A apólice brasileira não teria diferente do que a gente tem visto pelo mundo afora. Pensando de forma bem mais abrangente, talvez, poderia incluir também questões de saúde ligadas ao jogo, mas aí a regulação de sinistro começa a complicar bastante, o que inviabilizaria o produto”, diz.
Mas ainda que nenhuma seguradora se anime a criar um seguro novo especificamente para este público, elas poderiam aproveitar a febre Pokémon para ampliar coberturas e assim impulsionar as vendas de seguros já existentes. “Basicamente, haveria que incluir três coberturas aos seguros que já existem: i) Acidentes Pessoais cobrindo qualquer pessoa que venha a se machucar caçando os monstrinhos, ii) Auto/RCF cobrindo os danos aos veículos segurados e terceiros e iii) RD Equipamentos Portáteis cobrindo os casos de roubo de celulares.
Faltaria apenas agregar tudo num produto único”, analisa ele. “Considerando que as apólices citadas já não preveem atualmente exclusões por causa do jogo, não se torna algo tão complicado assim, pensando sob o aspecto legal, estruturar um produto com esse viés. Inclusive, os prazos da SUSEP, citados acima, tendem a ser bem mais reduzidos”, complementa.
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