Seguro e resseguro para grandes eventos é proteção garantida para o entretenimento O Rio de Janeiro se prepara para receber, em poucos meses, mais uma edição do maior evento esportivo do planeta – os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos 2016. Entre 05 e 21 de agosto, a cidade irá receber cerca de 10.500 atletas de 206 países, além de milhares de turistas que virão assistir às mais de 306 provas, os jornalistas que farão a cobertura dos eventos e ostaff que dará suporte às equipes esportivas.
No caso das Olimpíadas Rio 2016, serão 32 locais de competição espalhados por quatro regiões da cidade. Após anos de preparação e tanto esforço para deixar a cidade pronta para receber as primeiras Olimpíadas realizadas na América do Sul, é necessário contar com o seguro para proteger e garantir o bom andamento dos Jogos.
Para que eventos desta magnitude ocorram sem maiores transtornos e garantam diversão e segurança para o público e o staff envolvido – a Rio 2016 contará com 8 mil funcionários e 45 mil voluntários –, o seguro é sempre um parceiro fundamental e começa a fazer parte do espetáculo muito antes dele acontecer, de fato. É o que explica Dulce Thompson, sócia da corretora Lloyds Américas, que presta consultoria em seguros para eventos e filmes e foi uma das primeiras profissionais especializadas neste ramo, trazido para o Brasil pela Chubb Seguros.
“O primeiro seguro que a organização de um grande evento precisa contratar é o Seguro de Cancelamento, Adiamento e Interrupção de Eventos, feito com meses de antecedência, quando os primeiros contratos são firmados. Ele cobre situações como Não Aparecimento do(s) Artista(s) (em casos de espetáculos artísticos) e Condições Climáticas Adversas e pode valer por dia ou pelo evento todo”, conta. Outras coberturas muito importantes são as de Multirriscos, a de Responsabilidade Civil, que irá arcar com os prejuízos eventualmente causados por reclamações ou acidentes com terceiros, como espectadores e vizinhos.
Olimpíadas e o resseguro por se tratar de um evento de alcance mundial, reunindo milhares de atletas, jornalistas, chefes de estado e outros profissionais de várias nacionalidades, a proteção de uma Olimpíada envolve riscos extremamente complexos e caros. Dulce Thompson complementa, afirmando que os seguros de grandes eventos são, na sua maioria, ressegurados, pois garantem valores que causariam uma perda significativa para as seguradoras. “São limites segurados acima de R$ 20 milhões, podendo chegar a muito mais”, diz.
É o caso das Olimpíadas. Ainda que o Brasil não esteja vivendo um de seus melhores momentos – com epidemias de doenças como o Zika e a Gripe H1N1, crise política e financeira, dúvidas sobre a entrega e a segurança de obras públicas e até mesmo ameaças de ataques terroristas – os Jogos Olímpicos são sempre protegidos pelo Resseguro. Margo Black, Presidente da Swiss Re Brasil Resseguros, um dos principais resseguradores do Comitê Olímpico Internacional, conta que estes são os principais riscos envolvidos nesta apólice: terrorismo, catástrofes naturais, pandemias, protestos e manifestações.
“O que levaria a um sinistro nos Jogos seria o cancelamento ou abandono total do evento. No entanto, o fato de haver a necessidade de cancelar um ou outro evento não seria suficiente para cancelar a totalidade dos jogos”, explica ela. Sobre o Zika Vírus, por exemplo, Margo Black comenta: “Ele é mais preocupante quando ataca mulheres grávidas. A probabilidade de uma das atletas estar grávida é muito pequena, por isso este se torna um risco menor. E mesmo assim, ainda que todas as atletas mulheres estivessem grávidas, isso não seria motivo para o cancelamento total dos Jogos. Teria que ser uma doença capaz de afetar todos os atletas igualmente, homens e mulheres”.
Andrew Duxbury, gerente de subscrição da Munich Re na Inglaterra, disse ao “Insurance Journal” (http://www.insurancejournal.com) que sua empresa está cobrindo cerca de US $ 200 milhões em riscos potenciais para os interessados nos jogos. Ele estima que a indústria de seguros como um todo esteja cobrindo cerca de US $ 1 bilhão.
A maioria dos seguros é realizada por um grupo de grandes resseguradoras, incluindo a Munich Re, a Swiss Re e a Hannover Re. Se, por exemplo, um ataque terrorista ou desastre natural impedirem a realização de jogos, os contratos indenizam as perdas dos organizadores, do país anfitrião, das redes de TV e de outras entidades que já investiram no evento, isto sem mencionar os lucros cessantes. Porém, seguro contra infecção pelo Zika será difícil. É que a maioria dos contratos de seguros para as Olimpíadas foi assinada há quatro anos quando não havia previsão dessa epidemia e, portanto, não fizeram menção a esse vírus. E dado que a doença é conhecida há 70 anos, eventual sinistro seria regulado como “condição preexistente”, como se sabe, um risco excluído nos contratos de seguros.
“Não falo por todas as seguradoras, mas para a maioria – e certamente para a Munich Re – é muito tarde agora [para contratar cobertura contra o Zika Virus]”, finaliza Duxbury. Aceitação Ainda devido à complexidade dos riscos envolvidos em eventos de grande porte, como as Olimpíadas, por exemplo, as seguradoras costumam fazer rígidas exigências para a aceitação destes riscos. “Geralmente, as companhias fazem uma inspeção no local e exigem que haja um processo de gerenciamento de riscos, eliminando causas comuns de sinistros nesses grandes eventos.
A legislação vigente também exige itens como: equipamentos de proteção e combate a incêndio, alternativas de escape em caso de sinistros, apoio de médicos e para-médicos e outras ações que facilitem a intervenção em caso de sinistro, minimizando ao máximo as suas consequências”, detalha o Coordenador da Graduação em Administração + Seguros e Previdência da Escola Superior Nacional de Seguros, José Varanda. Apesar de toda a complexidade que envolve este produto, a sua precificação segue os mesmos critérios da tarifação tradicional, conforme explica o Professor.
“É resultante da taxa combinada e ponderada dos diversos riscos inseridos, como: incêndio, raio, explosão, alagamentos, inundações, Responsabilidade Civil, etc. O número de pessoas presentes, de veículos e equipamentos empregados e respectivos valores são também fatores relevantes para o cálculo do prêmio do seguro”, diz Varanda.
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